Resenha: O órfão de Hitler - Paul Dowswell (Sem Spoiler)


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Sinopse

Piotr é um menino polonês quando os nazistas invadem seu país e matam seus pais. Seu destino parece traçado: viver num orfanato, sendo depois oferecido para trabalho escravo. Mas seus olhos azuis, seu cabelo loiro e sua pele clara fazem dele um exemplo da raça pura, um modelo para a Juventude Hitlerista. Então, os alemães o entregam a uma família nazista. Só que Piotr, que nunca deixa de se sentir estrangeiro junto a sua nova família, começa a formar seus próprios conceitos sobre o que vê e o que lhe é dito. Ele não quer ser um nazista. E então assume um risco – o mais perigoso que poderia escolher na Berlim de 1942. Vencedor de seis prêmios e finalista de outros dezesseis, este romance de Paul Dowswell parte de uma pesquisa meticulosa para uma narrativa cheia de reviravoltas, trazendo à tona um ângulo diferente dos horrores da Alemanha nazista.




Minhas Impressões


Os fatos históricos apresentam os massacres cometidos contra diversos povos, tendo como desculpa a busca por ideais considerados princípios básicos para um “mundo melhor”. Nessa repetição constante o egocentrismo dos líderes e a devoção de seus súditos são inquestionáveis, gerando transgressões desumanas e impactos brutais em todos os aspectos imagináveis: físicos, mentais, sociais e emocionais.
Geralmente quando lemos um livro sobre a II guerra mundial a narrativa ocorre através das vítimas do nazismo, os judeus, e mesmo quando aparecem os alemães que o ajudaram esses não ganham muito destaque. Claro que isso não é uma verdade absoluta e têm livros que mudam esse fator. Sendo assim, a história (opinião pessoal) é a manivela do mundo, pois essa nos proporciona análises de fatos importantes para que os erros do passado não sejam repetidos no presente. Nem sempre tal perspectiva e cumprida e por falta de informação ou mesmo por uma índole perversa indivíduos negligenciam as memórias bibliográficas e apoiam governos com convicções errôneas e cruéis. O que se pretende ressaltar é que seus anseios precisam sempre ser filtrados, já que através dos marcos históricos vimos culturas inteiras sendo massacradas, tendo como desculpas um futuro melhor. Povos foram escravizados, mortos e torturados por déspotas com as mais diversas justificativas.
Tal obra é contada através da visão de um menino. A inocência deste o limitava a compreender o ódio destilado para uma raça que para esse não era em momento algum ameaçadora. A cólera e preconceito que Hitler exalava contra os judeus eram surreais para essa criança. A assimilação da crise econômica enfrentada pela Alemanha e o rancor mesclado com o sentimento da culpa ser dos judeus por monopolizarem seus empregos e dinheiro eram características do fascismo sem pilar ou lógica alguma.  Dessa forma, em 1939 a Alemanha invadiu a Polônia e nessa ocasião que esse exemplar tem início.
Entre 1939 a 1941 foram marcados pelas vitórias alemãs. É no ano de 1941 que conhecemos Piotr Bruck que estava sendo avaliado assim como outros órfãos poloneses da sua faixa etária pelo Departamento de Raça e Povoamento. Todos os que eram considerados Volksdeutsche, sangue alemão, seriam adotados por famílias alemães. E Piotr passou com muito louvor por todos os testes, dessa maneira esse é adotado pelos Kaltenbach que alteraram seu nome para Peter. Através desse ponto adentramos o mundo de um polonês considerado um ariano perfeito pelo governo nazista, sendo incluído no seio de uma sociedade preconceituosa que usava de todos os subsídios disponíveis para que todas as gerações acreditassem fielmente que eram superiores a qualquer outra raça.
Após ser adotado por uma família tradicional nacional-socialista e ter que frequentar a escola e os grupos destinados para sua idade, a Hiltler-Jugend conhecida como HJ, e mesmo com espirito de gratidão para a família que o acolheu, esse não deixava de questionar o porquê até os exercícios escolares girarem entorno da politica*. Conforme ia crescendo e amadurecendo o entendimento do quão surreal era essa realidade preconceituosa o fizeram cometer pequenos delitos aos olhos alemães e se empenhar para ajudar da sua forma os judeus. Nesse momento, percebemos que assim como nem todo alemão era mau, assim também nem todos compactuavam com a versão militante e cruel de seu líder. Em meio a todas as atrocidades cometidas pelos militares e pela parte do povo que se identificava e apoiava tal crueldade, também acompanhamos uma parcela da população sensível e que em nenhum momento concordou com esse genocídio.
Amo livros com essa temática, e não tenho palavras para descrever o quanto o autor me conquistou ao misturar a ficção com a realidade. A profundidade de sua pesquisa é relatada através das formações das frases, dos marcos históricos e especialmente na veracidade de seus argumentos, mesmo tendo que antecipar alguns acontecimentos para adaptar o enredo na obra. A explicação no final para os fatos, a ficção e as fontes apenas destacou ainda mais a responsabilidade e empenho para a construção desse exemplar. Sendo assim, é impossível não ficar arrepiado com a crueldade que alimentamos ou não comparar a nossa atual politica com equívocos cometidos pelos nossos antepassados e ao mesmo tempo se assustar com a sucessão de eventos que levaram a tal holocausto.
Por fim, posso dizer que o autor superou todas as minhas expectativas e me apresentou outra face da história, com episódios desconhecidos e versões diferentes de todos os lados, e só para constar a empolgação já indiquei o livro para três pessoas diferentes, e que elas sejam cativadas assim como eu fui.
*Questões narradas por aqueles que viveram essa parte da história.

Problemas matemáticos propostos pelas escolas:

 “O perverso Tratado de Versalhes, imposto pelos ingleses e franceses, permitiu que plutocracia internacional roubasse as colônias alemãs. A própria França tomou parte do Togo. Se o Togo alemão tem 56 km² e uma população de 800 mil pessoas, qual a área correspondente a cada habitante?” (pag. 59).

“[...] A construção de um asilos de loucos custa 6 milhões de Reichmarks. Quantas casas de 5 mil Reichmarks poderiam ser construídas com essa quantia?” (p.59).

Canções natalinas alteradas: 

“Noite feliz, noite feliz, Eis que no ar, vem cantar, Adolf  Hitler ergueu o país, Ouçam bem o que o Füher diz...” (p.95).



 Resenha: Verônica Dutra - Blog Pensamento Literário



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14 comentários:

  1. Olá, tudo bem?
    Acabei de ler outra resenha deste livro, e a sua me deixou mais curiosa do que eu já estava.
    Eu peguei o livro na mão para comprar, e acabei desistindo!
    Cheguei a conclusão, que preciso desse livro.
    Um beijo.

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  2. Moça, que resenhão da porr* viu!!! Que isso gente, adorei, essa analise que você fez, eu já estava curiosa pra ler o livro, agora eu quero destrinchar ele pra saber de tudo que acontece hahahahaha

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  3. Olá!!!

    Não conhecia esse livro, mas a história me chamou a atenção. Assim como você gosto de livros que tenham essa temática e por esse motivo depois de ler a sua resenha já estou com vontade de começar a ler AGORA (rsrsrrsrs). Fico feliz que o autor conseguiu te prender na leitura e conseguiu suprir suas expectativas!! Espero gostar também

    Beijos!

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  4. Oi Verônica, tudo bem?

    É a segunda resenha que leio do livro em sequência e foi muito bacana perceber como cada pessoa possuiu uma visão diferente da obra, acrescentando detalhes próprios. Eu sou fissurada em histórias que possuem a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo, então possivelmente essa história seria mais uma daquelas que me trariam lições valiosas em vários níveis da vida.
    Sua resenha ficou ótima e espero adorar a leitura, pois é um assunto que realmente me instiga!

    Beijos!

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  5. Olá!
    Que legal que gostou da leitura e achou ela proveitosa. Já li muitos livros históricos e relacionados a esse período trágico então hoje evito ler sobre, mas gostei de conferir a tua resenha e saber que nesse livro o assunto foi abordado sobre um ângulo diferente.

    Abraços

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  6. Oii
    Acredita que essa é a segunda resenha que leio HOJE sobre esse livro?
    Eu amo histórias que se passam durante a segunda guerra. Amo mesmo, acho que são as minhas favoritas. Com toda certeza quero esse livro.Ele já estava na minha lista de próximas leituras, mas agora o quero pra já! rsrs
    Bjoo

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  7. Oi, tudo bem?
    PARA TUDO QUE O SINAL TÁ FORTE.
    Gente, é a terceira vez que ouço falar desse livro, isso na mesma semana. Sério mesmo, estou me convencendo de que devo tê-lo. Tanto por esses sinais, kkk, tanto pela história ser interessante mesmo e eu me interessar por esse tipo de história.

    Beijos.

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  8. Olá!

    Mais uma resenha sobre esse livro só hoje! Eu não o conhecia, mas gostei muito da premissa. Já li obras com esse pano de fundo e ainda me surpreendo com tanta barbaridade. Obrigada pela resenha!

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  9. Gosto bastante de livros que tratam de segunda guerra, e já li vários, mas esse me surpreendeu por falar de fatos dos quais eu não tinha conhecimento e por abordar uma visão completamente diferente, já que normalmente o que vemos é mesmo o ponto de vista dos judeus. Também já indiquei para algumas pessoas. :)

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  10. Olá!
    Ai, estou com tanto medo de ler esse livro, pois, assim como você, gosto de livros da temática, mas tenho medo de não curtir a leitura. Gostei muito, entretanto, da sua resenha e fiquei contente por saber que o livro tem uma pesquisa profunda e que o autor misturou muito bem ficção e realidade. Legal saber que suas expectativas foram superadas.
    Vou tentar ler.
    Beijos

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  11. Olá!
    Gosto muito de livros que possuem a segunda guerra mundial como pano de fundo, e isso em si já me chama atenção, levando em consideração que nessa obra temos o ponto de vista do lado opressor da guerra, acredito que muita coisa seja nova para nós leitores, fiquei bem curiosa e já quero ler a obra!

    Beijokas

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  12. Gosto de livros históricos ou de ficção com contexto histórico porque me mostram o tempo todo como a humanidade é falha. Somos muito imprevisíveis e egocêntricos e a guerra nos mostra isso da pior forma possível. Acho que este é o primeiro livro que vejo a contar a história do ponto de vista do outro lado. E gostei de saber que são relatos verídicos mesmo. Ótima indicação!

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  13. Oi, tudo bem?
    Gosto muito desse tipo de livro, que tem a Segunda Guerra como cenário. Já estava louca para ler mas sua resenha me deixou ainda mais curiosa, afinal Paul Dowswell trata o tema com tanto realismo que fica difícil não gostar.
    Bjs!

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  14. Oii..
    Acabei de ler uma resenha sobre esse livro que me deixou morrendo de vontade de ler.
    E a sua, também positiva, só fez reforçar ainda mais a minha vontade.
    Adoro livros com a temática da Segunda Guerra Mundial. E achei interessante, como vc colocou, o fato dele não ser narrado pelo lado judeu sa história, e sim por outro lado (dentre tantos).
    É um livro que entrou pra minha lista hj.
    Beijos

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